segunda-feira, 11 de março de 2013

Poem as mulheres ser feministas?


Convivo e convivi com muita feminista, também tive a minha passagem pelo ativismo feminista. Esta é a minha apresentação curricular. Nunca passei por um episódio de violência doméstica, não fui violada, ninguém me tentou impingir a burka ou outra roupa “mais recatada e conservadora”. Já me senti discriminada por ser mulher em mais do que um contexto. Esta é a minha apresentação real. Mas continuando a provocação da pergunta, pode uma portuguesa que não é ativista ser feminista? Aparentemente não...
Já assisti a várias situações que me levam a esta conclusão. Como tanta parte do ativismo em Portugal, os grupos formados tornaram-se grupos entediados e entediantes de burguesxs de todos os géneros que vivem e partlham um qualquer mundo muito próprio, onde é preciso alguns rituais iniciáticos para se poder dizer: Eu faço parte e nós somos as mais puras e mais verdadeiras feministas! Sendo o primeiro requisito óbvio o curso superior. Não se querem cá gajas que são donas do seu próprio café, cabeleireiro ou loja, e têm o 9º ano ou inferior. A linguagem tem que ser cuidada e com citações académicas a cada 3 frases, como se as pessoas fossem incapazes de ter ideias próprias.
Mas para mim a melhor parte de dar à língua é a Gestapo gramatical. Aparentemente ser feminista, passou a ser definido por correções ortográficas no facebook, twitter e afins. Escreves sem x? Malandra. Duas frases no masculino? Sua bruxa! Desconheces quais as vagas do feminismo? Herege!!!!!! Uma verdadeira caça às bruxas cibernautas.
E que interessa isto à mulher que leva porrada do marido porque ele suspeita que ela sorriu para outro? Ou a rapariga que leva uma chapada da namorada cada vez que há uma discussão mais acesa? Ou a jovem que trabalha 10 horas por dia numa loja porque não foi para a faculdade e esta foi o único sitio que a aceitou? Ou a quarentona que perdeu o seu negócio de unhas de gel e agora nem para lavar escadas a chamam? Pois, como dizia uma amiga minha à uns dias: “Estou muito preocupada com o roubo que está a ser feito à classe média portuguesa.” Pois a classe média...  

sexta-feira, 8 de março de 2013

Surfar outras ondas

Ainda estou a refazer-me da gigante onda que saiu no sábado à rua um pouco por todo o país. Esperava muita coisa, mas não esperava que a onda afinal se tivesse desfeito antes sequer de chegar à praia. Foi uma das muitas que acompanhou o cortejo do principio ao fim e o fim fez-me lembrar um ou outro engate adolescente do passado. Ainda estava eu pelos Restauradores e já a organização tinha atingido o clímax... Tal como na adolescência, senti-me seriamente insatisfeita e negligenciada... Tal como na adolescência, fui tratar do assunto pelas minhas “mãos” e fui para casa ouvir Zeca Afonso.
Dizem-me que são os protestos pacíficos e que os radicais violentos tinham ido para São Bento. Mas, como tanto agrada à intelectualidade bloquista e comunista, vamos lá então discutir conceitos. Segundo o que li de Gandhi, Luther King Jr, Percy Shelley e Henry David Thoreau; os conceitos estão baralhados. Ora então tanto quanto li e me contaram em São Bento estiveram umas 100 pessoas durante uma hora e pouco sem incidentes. Tendo em conta o princípio da desobediência civil (não apoiar as leis injustas que levam à indignação, revolta, etc), estas 100 pessoas foram as únicas que efetivamente fizeram um protesto pacifico. Desobedeceram a uma “lei” e não pediram autorização a ninguém para irem demonstrar o seu descontentamento. Isto é desobediência civil pacifica. O resto, sou sincera, nem sei o que é... Respeitar a lei, é uma forma de colaboração com o regime que nos oprime. Desrespeitar é arriscar cadeia? Claro que sim. Quantas vezes foram Luther King Jr e Gandhi presos? Quantas vezes tiveram problemas legais?
É com estas detenções e perseguições que se demonstra a injustiça do sistema. É por essa mesma razão que existem os beijaços homossexuais, marchas da marijuana e slutwalks, só para dar alguns exemplos. A malta que se diz a lixar para a Troika precisa de rever os manuais que propagandeia... E já agora é bom lembrar que há crianças a ser abandonadas, pessoas a passar fome, violência doméstica a aumentar, aumentos de ordenado e material para as policias... Uma coisa é certa, ondas destas não volto a surfar...

Poderão os homens ser feministas?


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A 2 de Março começam as peregrinações




Oração pseudo revolucionaria
(publicada aqui a pedido de uma amiga mui temente)

Espalhai a desobediência, mas livrai-me de desobedecer ao governo civil!
Afastai-me da violência e permiti-de que seja bufo mantendo a minha integridade física!
Que sejam muitos e inúteis os passeios turísticos e as homílias finais!
Deia-mos graças pelos elogios do patrão, policia e ministros.
Permiti-de que nunca descubram o cartão do partido ou sindicato.
Assim na assembleia geral, como no facebook! Ámen!

Ide e espalhai abracinhos ao opressor, de preferência em frente às câmaras.
Porque o opressor é do povo e a ele voltará.
Assim nas cargas, como na invasão dos espaços ocupados!
Sentem, sentem não vá a pseudo revolução acontecer...
E parai-de de atirar tomates, porque não se brinca com a comida. Ámen!

Investiguai-de os comunicados dos outros até à última vírgula fora de sítio, em nome da discriminação.
Mas escrevei-de tudo sem os mesmos cuidados, em nome da fácil leitura.
Acusai-de gente de infiltrações nos canos e cabeças rapadas, mas colocai o hino nacional a tocar e chamaide-vos de patriotas!
Apelidai tudo o que não concorde connosco de sectário!
Trabalhai-de em conjunto com ninguém!
Livraide-nos da possível revolução a sério. Ámen!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Mutirão queer 24 de Janeiro - no RDA69

Depois de uma Silly Season bem quente , em que todos tiveram liberdade de expressão para revelar intimidades, e desejos, bem como reflexões sobre estes bizarros costumes.
Numa Silly Season em que a actualidade politica é marcada pela disputa de protagonismo junto do eleitorado, entre o poder e o principal partido da oposição.

O RDA69 promove aquele é já considerado o debate da rentré:

 



Book Bloc & Salganhada: Corpos, Rua, Minorias e Multidão

Conforme evento do facebook:

O Salganhada não é um grupo (é uma lista de emails), ou é um grupo informal que emergiu como grupo de trabalho das concentrações do Rossio em Maio de 2011. Relaciona pessoas maioritariamente ligadas ao trabalho nas artes, na cultura e na investigação (mas não só) que se encontram periodicamente (muitas vezes à roda de textos escolhidos, outras vezes na relação com convidados).
Temas como: movimentos sociais, corpo de manifesto, arte/política, polícia, cidade, trabalho e pós-fordismo, cultura, educação e performatividade têm alimentado o pensamento destas conversas sem se tornarem estanques. Há uma enorme vontade de manter a elasticidade das fronteiras entre temas e entre áreas de estudo atendendo às suas interligações.
nesta sessão vamos continuar a conversa a partir do texto "Bodies in alliance and the politics of the street" de Judith Buttler.





O Book Bloc do RDA69 é um grupo de leitura informal que reúne algumas vezes por mês e se debruça sobre vários textos pertinentes para a análise dos tempos que correm. Era só o que faltava que fosse obrigatória a leitura prévia dos textos para participar na discussão, mas de facto a familiaridade com eles ajuda à fluidez e profundidade da conversa.

Das minorias às multidões: O lugar dos feminismos hoje






Para esta semana sugerimos dois pequenos textos que nos ajudem a pensar sobre o "lugar" que ocupam as minorias sexuais e de género, na multidão que se revolta contra o império opressivo do capitalismo e da autoridade. Quem são as minorias e quem é a multidão? O que as une e o que as separa, que alianças nos faltam?

O tema, como o nome indica centra-se nos feminismos actuais e nas revoltas em tornos da autonomia no género e nas sexualidades, mas a conversa pode e deve abranger todas as suas intercecções minoritárias, que se cruzam com o território de origem, a etnia, as relações de classe, os modos de vida, as práticas culturais ou religiosas, o mundo globalizado, a guerra imperialista, entre outras, que por vezes as tornam estas mesmas minorias excluídas dentro das próprias minorias.

Vamos pensar em conjunto, partindo de dois pequenos textos, que não esgotam o tema, mas que o introduzem numa dinâmica complexa sobre a autonomia que queremos, num mundo que as revoltas globais assumem emergir.

1- Multidões Queer: Notas para uma política dos anormais – Beatriz Preciado
2 – Subjectividade e política na actualidade – Toni Negri 


Fica aqui a carga horária:
19h - SALGANHADA
20h - JANTAR
21h - BOOKBLOC